Mulheres e seus sapatos

 

Atualizando o formato gráfico de VB, excelente matéria sobre os grandes “sapateiros” do planeta:  Manolo Blahnik, Roger Vivier, Salvatore Ferragamo, Chirstian Louboutin Jimmy Choo. Designers que chegam a cobrar €15.000 por um “par de sapatos”. Conheça e avalie o fetiche que encanta e seduz mulheres de todos os quadrantes. “Senhor ladrão, pode levar a minha Fendi ‘baguette’, o meu anel e o meu relógio, mas, por favor, não leve os Blahnik!” De nada serviu a Carrie Bradshaw na série Sex and the city (foto) implorar.

A protagonista da série «Sex ad the city» voltou para casa descalça, sem o seu par de sapatos favorito: umas sandálias de tiras em seda cor-de-rosa que tinha comprado a com 50% de desconto em uma liquidação. Não que fizesse muita diferença: no «closet» tinha 27 mil euros investidos em calçado – pensando que os comprara a uma média de 450 euros o par, ficamos sabendo  que Carrie tinha 60 pares de sapatos de «designer» no armário. Imelda Marcos, antiga Primeira-Dama das Filipinas, admitiu possuir 1200 pares. O fascínio por sapatos parece não afetar apenas personagens de ficção em séries televisivas ou mulheres excêntricas do Sudoeste Asiático. Segundo a revista «Forbes», as mulheres americanas gastaram, em calçado de moda, entre Outubro de 2004 e Outubro de 2005, 17 mil milhões de dólares, «Os sapatos tornaram-se objetos de consumo desenfreado, mesmo por parte de mulheres que nunca tinham tido esse fetiche», explicou à «Forbes» Marshal Cohen, analista do grupo NPD, uma empresa americana de análise de consumo. «O vestuário já não é a prioridade nos guarda-roupas das mulheres: carteiras e sapatos tornaram-se itens de assinatura, usados para projetar gosto pessoal, riqueza e estilo», reforça. Em seda tecida à mão e ricamente bordada, em crocodilo macio, cobra rara, avestruz exótica… como dizem os americanos, «new shoes cure the blues» (sapatos novos curam a tristeza). Será? Bem, resultou com a Cinderella. Sem os seus sapatos de cristal, a heroína das histórias infantis não teria encontrado o seu príncipe e ainda estaria a carpir mágoas sentada à lareira. Onde estaria agora se, em vez do desconfortável cristal, os sapatos fossem Manolos, Jimmy Choos, Roger Vivier, Salvatore Ferragamo ou Christian Louboutin? Certamente feliz, divorciada do príncipe e vivendo em pecado com dois jovens de 18 anos. Porque não existe nada mais «sexy» do que as criações dos mais famosos «designers» de sapatos do mundo.

 

SALVATORE FERRAGAMO

Salvatore Ferragamo e Audrey Hepburn 1954 Mediapunch/Shutterstock

Este italiano «designer» de sapatos acreditava ser o arco do pé uma das partes mais importantes do corpo, por suportar todo o peso. Aplicou esta filosofia a cada par de sapatos que criou desde os anos 20, quando iniciou atividade, tendo rapidamente ficado conhecido como sapateiro das estrelas – calçou, entre outras, Eva Perón e Marilyn Monroe, Audrey Hepburn (com Salvatore na foto), Tinha apenas nove anos quando descobriu a vocação: fez o primeiro par para calçar a irmã para a cerimônia religiosa do crisma. Depois de 18 anos emigrado nos Estados Unidos, voltou à terra natal, Florença, e aí se estabeleceu. A ele – e à família que manteve a empresa e em 1995 inaugurou um museu que reúne mais de 10 mil modelos do «mestre» – se devem alguns dos sapatos mais originais de todos os tempos

 

CHRISTIAN LOUBOUTIN

Enquanto estagiário nos camarins das Folies Bergère – tinha 17 anos -, descobriu que o segredo da proporção e da postura estava nos sapatos. Bastava observar como se moviam as «showgirls» do cabaré mais famoso de Paris, carregando enormes ornamentos na cabeça. Desenhou sapatos para a Chanel e para a Yves Saint Laurent até 1992, ano em que abriu a sua própria casa. Entre as suas clientes contam-se Oprah Winfrey, Sarah Jessica Parker, Cameron Diaz e Katie Holmes. Hoje vende em 46 países e tem 14 butiques. Os sapatos de Louboutin reconhecem-se à distância: têm a sola encarnada. Com um preço médio de 600 euros, as criações mais ousadas de Louboutin incluem os «trash shoes», que incorporam bilhetes de metrô e recibos de café nos saltos.

 

 MANOLO BLAHNIK

Nos anos 90 já era conhecido por fazer saltos dolorosamente altos e cheios de estilo. Mas este espanhol das Canárias não seria o que é hoje sem o empurrão da série «Sex and the city». Sarah Jessica Parker, a «shoe addicted» Carrie, fez pelos sapatos de Blahnik o que Brooke Shields fez, nos anos 80, pelos «jeans» Calvin Klein. Quando a série arrancou, em 2004, Blahnik já tinha loja em Nova Iorque (inaugurada em 1980) e muitas devotas dos seus «sapatos limousine», nomeadamente Candace Bushnell, a autora do argumento de «sex and the city». Os preços dispararam, as vendas seguiram-se-lhes – até as de modelos mais caprichosos, como umas botas de crocodilo de 10 mil euros. Como não é mal-agradecido, em reconhecimento à atriz e às mulheres de Manhattan, Manolo criou o modelo «SJP»: um «stilletto» de apertar no tornozelo, disponível em vários materiais e cores.

 

ROGER VIVIER

Inventou o salto «stilletto» (usava uma tira fina de aço dentro do salto para suportar o peso do corpo) e desenhou os sapatos que Catherine Deneuve usou no mítico Belle de Jour. Nascido em 1913, o «designer» francês especializou-se em sapatos e durante uma década (1953 a 1963) criou os modelos de calçado elegantes para a Dior. Descrevia os seus sapatos, sempre ricamente decorados, como esculturas. Para os críticos eram os «Fabergés do calçado». Entre clientes habituais estavam Ava Gardner, Gloria Guiness e a Rainha Isabel II. Hoje, a marca é detida pela Tod’s e pela Hogan, e agora com Bruno Frissoni à frente do departamento criativo (Vivier morreu em 1998), o design permanece clássico e a distribuição restrita. Até 2003, para comprar, só marcando uma visita privada ao «showroom» da marca em Paris, no número 29 da rua do Faubourg de Saint-Honoré. Entretanto abriram loja no mesmo edifício, um espaço especial, mobilado ao estilo do século XVIII, com um Picasso na parede, onde as clientes podem tomar um Martini enquanto decidem o que levar. Os preços podem atingir os 15.000 euros.

 

JIMMY CHOO

Foi baseado na filosofia de que os sapatos e a carteira certos vingam mais do que roupa e jóias na construção de uma imagem que Jimmy Choo construiu uma carreira de sucesso. Malaio, nascido numa família de fabricantes de sapatos, Choo acabou por ir aprender inglês para Londres, onde conheceu Tamara Mellon, filha de um milionário e, à época, a relações-públicas mais famosa da capital britânica. Com o dinheiro do pai dela e o talento dele fizeram-se sócios e abriram a primeira loja, em 1997. Ele criou os sapatos, ela transformou-os numa marca global, preferida por Catherine Heigl, Victoria Beckham, Jenifer Garner ou Sarah Jessica Parker. Neste glamouroso universo dos sapatos acima de 500 euros, os espinhos vieram ao de cima e a parceria terminou em 2001, quando Choo vendeu a sua parte. Mas mantém o nome e Tamara continua a vendê-los nas lojas por todo o mundo.

                                                                                                by Celso Mathias/Agpress

 

 

Amores epistolares

 

Quem nunca suspirou ao saber de uma história de amor proibido? Bem, talvez você tenha até vivido uma dessas histórias. E quem sabe escreveu e recebeu cartas de amor, o que seria perfeitamente natural se você nasceu nos idos do século passado. Tais cartas, quando aparecem, podem ser alvo da curiosidade tanto histórica quanto meramente especulativa. Afinal, são retratos da intimidade alheia. Papel, envelope, selos e palavras. Costumavam ser belas as cartas de amor. Que tal então examinar mais de perto dois romances epistolares polêmicos, porém rigorosamente históricos? 

Creio que você já ouviu falar de Abelardo e Heloísa. Unidos pela paixão e pela tragédia no século XII, eles protagonizaram um dos casos de amor mais célebres de que se tem notícia. Sua correspondência, há séculos, vem suscitando o interesse não só de historiadores e de literatos, mas ainda do público em geral. Uma edição dessas cartas, publicada em 1865, nos fornece um resumo da história de Abelardo, aliás, Pierre Abélard, nascido em 1079 no burgo Le Pallet, Bretanha, perto de Nantes. Seu pai, senhor do burgo, em que pese ter feito a guerra, cultivava o espírito e desejou que seus filhos recebessem uma cuidadosa educação. Abelardo, em uma carta autobiográfica, nos conta que preferiu as armas da dialética aos troféus da guerra. Dominando o latim, o grego e o hebraico, tornou-se filósofo, poeta e orador, talentos que o levaram a Paris onde, tornado célebre, atraiu alunos inclusive do estrangeiro. 

Acontece que, entre os 37 e 38 anos, Abelardo conhece Heloísa, sobrinha do cônego Fulbert, que se fez sua aluna. Heloísa era muito jovem e ainda estava sob a tutela do tio, que desaprovou o envolvimento. Quando o relacionamento veio à tona, Fulbert ficou furioso. Abelardo tentou reparar a situação, casando-se com Heloísa em segredo, mas ela, por não querer que o casamento prejudicasse a reputação acadêmica de Abelardo, negou publicamente que eles fossem casados. Foi então que Fulbert se vingou de forma brutal: mandou que castrassem Abelardo enquanto ele dormia. Depois disso, Abelardo se retirou para um mosteiro e dedicou-se inteiramente à vida religiosa. Heloísa, por sua vez, também foi para um convento. Segundo o próprio Abelardo, Heloísa não era exatamente bonita, porém: “Ela não era a última em beleza, mas não se igualava a ninguém e tinha plena consciência disso. Tudo aquilo que pode seduzir os amantes se oferecia à minha imaginação.”

Apaixonada, Heloísa, em uma das cartas que escreve a Abelardo, demonstra ser capaz de um amor violento e ardente, e toma a Deus por testemunha: “Jamais, Deus o sabe, jamais busquei em você outra coisa além de você”. E, a propósito de seu papel na vida do amado, escreve: “Embora o nome de esposa pareça mais forte e mais santo, o de sua amante sempre foi mais doce ao meu coração; e mesmo, se você me permite dizê-lo, o de sua concubina, de sua mulher de prazer…” Abelardo, por sua vez, diz que o casamento santificara a união de ambos, especialmente com a retirada dela para o convento das religiosas, até onde ele fora “Um certo dia, visitando-a secretamente, e lá, na falta de outro lugar onde pudéssemos ser livres, foi no próprio refeitório que nos abandonamos aos desregramentos de nossa libertinagem.” Ele lamenta, porém, o episódio: “Você lembra, digo-lhe, daquilo que tivemos a impudência de fazer em um lugar tão respeitável e consagrado à Virgem? Não tivéssemos cometido outros pecados, e este, unicamente, seria digno da vingança mais estrondosa.” E chega a justificar o ferimento que sofreu: “Por certo, se não me engano grosseiramente, esta ferida tão salutar conta menos como castigo pelos meus erros do que a continuidade dos males que hoje suporto.” Como visto, uma tragédia e um amor ardente em pleno século XII.

A outra história, nem tão conhecida, não é menos interessante. É sobre Mariana de Alcoforado, que viveu de 1640 a 1723. Soror Mariana, aliás, porque era freira. No convento da Conceição da Beja, em Portugal, estando ela na varanda, quando contava 26 anos, viu o Cavaleiro de Chamily ― Noël Bouton de Chamilly ― e imediatamente se apaixonou por ele, então com 30 anos. 

Nada saberíamos dessa paixão, porém, não fosse um pequeno livro intitulado “Lettres portugaises”, de autoria desconhecida, que surgiu na França em 1669 e causou tamanha comoção entre seus leitores que, em 1690, apareceu uma segunda edição. Nesta segunda edição, aparece o tradutor das cartas, bem como o destinatário delas. A autora, porém, permanecia misteriosa, pois é simplesmente chamada de Mariana, assim permanecendo até 1810. Por volta desse ano, e por puro acaso ― sempre o acaso ―, foi descoberta uma nota manuscrita na edição original, na qual se lia o nome de Mariana de Alcoforado. Apesar disso, a existência real da autora das “Lettres portugaises” só foi documentada em 1888, com a retrotradução das cartas por Morgado de Mateus. Segundo ele, as cinco cartas teriam sido escritas por Mariana de Alcoforado, freira portuguesa, ao oficial francês, o que parecia esclarecer o mistério da autoria — embora a questão permaneça, até hoje, objeto de controvérsias. Não obstante a polêmica que envolve o caso, o que se tem de indiscutível nessas cartas é o arrebatamento amoroso que elas retratam: “Estou resolvida a adorar-te toda a minha vida, e não ver mais pessoa alguma […] Acaso poderias contentar-te com outra paixão menos ardente que a minha?”. E ainda: “Consumiste-me com as tuas assíduas perseveranças, inflamaste-me com os teus transportes, encantaste-me com as tuas finezas, asseguraste-me com os teus juramentos, a minha inclinação violenta seduziu-me, e as consequências destes começos tão agradáveis e tão venturosos não são mais do que lágrimas, gemidos, e uma funesta morte, sem que possa achar-lhe algum remédio!”

Mariana nasceu de uma família ilustre. Ela morreu com 83 anos, dos quais mais de sessenta foram passados no claustro, onde ninguém dela tinha queixas, dizendo-a muito benigna para com todos. Ao que consta, ela não se arrependeu de ter amado: “Agradeço-te, contudo, do fundo de meu coração, o desespero que me causas, e detesto a tranquilidade que vivi antes de conhecer-te” — escreveu ela. Difícil não imaginar o percurso dessas cartas que, indo da remetente ao destinatário, chegaram a um tradutor, circularam traduzidas e depois, graças a uma pista encontrada por acaso, foram mais uma vez publicadas no que seria sua versão portuguesa.

Cartas, enfim. Nunca se sabe o que o acaso pode fazer delas. Essas relíquias do íntimo puderam atravessar séculos e chegar até nós. Por vezes, são o retrato da vulnerabilidade humana; outras, são o risco de uma vida ou de uma reputação. Abelardo, vítima de uma vingança cruel e desnecessária. Mariana? O que terá feito o Cavaleiro de Chamilly de suas ardentes palavras para que elas acabassem publicadas, anos depois, e em francês? Sessenta anos passados no convento, e ela morreu sem saber que seu amor até hoje nos encanta.

Se essas paixões tão sentidas se fizeram ou se desfizeram, pouco importa. Porque as cartas nelas inspiradas não deixaram de seguir o seu caminho. Palavras que cruzaram as fronteiras da linguagem, das nações e do tempo, alheias à sua autoria. Ah, essas histórias não pertencem mais a quem as viveu. Penso que não. Porque nos apropriamos delas, à revelia de qualquer discrição. Esse nosso voyeurismo, contudo, é como um tributo pago à eternidade. Nada sei, porém, de você. Se escreveu cartas ou não. Contudo, se o fez, talvez algum dia elas venham à tona, por obra e graça do destino e da imponderável magia do acaso. 

                                                                                         Maristela Bleggi Tomasini

 

 

Poderosas!

Retornando de merecidas férias no Sul do país,  dia 4 de fevereiro, terça-feira, foi dia de festa-niver surpresa para Joane Soares Dionisio. A comemoração foi cuidadosamente organizada pelo marido, Gil, com a ajuda da sogra, Sandra, e das amigas Railda Abreu e Rebeca.

Entre os momentos registrados, destacamos a presença das meninas, começando pela pequena Giulia, a caçulinha da família, e Heloisa, a primogênita. Além da alegria contagiante, a festa contou com a presença de Bena, Rebeca, Verena, Sara, Marineide, Simone, Juliana com a filha Maria Eduarda, Paulinha, Virginia e Camila com a filha Isabele, que trouxeram ainda mais animação ao evento.

Foi um registro muito especial, marcado pela organização impecável e pelo serviço de jantar com música ao vivo. O evento foi complementado por vinhos selecionados, muito bom gosto e uma espontaneidade que fez a celebração ainda mais memorável.

 

Sim, presente também, Daniel, Cesar, Rubinho, Emerson, Batista, Marcos e esse colunista, todos, cuidadosamente excluído das fotos. Um dia para homenagear mulheres fortes!

                                                                                                             

                                                                                                      Celso Mathias

Celebration!

 

Janeiro é, para mim, um mês abençoado. No primeiro dia de 1926, minha querida mãe, Mariá, iniciou sua breve, mas significativa trajetória por aqui. Além dela, alguns dos meus grandes amigos também vieram ao mundo neste mês, prontos para percorrer uma longa jornada. No dia 15, meu amigo de mais de 50 anos, Sir Willian Riley, trouxe alegria a mamãe Audrey e papai Alfred, há 80 anos. Em 22 de 1990, foi a vez de Gillon Dionisio fazer sorrir mamãe Aldelice e papai Gilvan.

Para celebrar os bem vividos 80 anos de William, Anatália organizou uma grande festa repleta de carinho, reunindo familiares e amigos muito especiais. Entre os convidados estavam Sara e este colunista, que, por motivos justos, não puderam comparecer. O evento ocorreu no elegante Marina Barra Club, no Rio de Janeiro. Estiveram presentes, além do casal anfitrião, Anatália e William, vovó Teresa, sempre linda, a filha Danielle com o marido Sylvio, e os netos do aniversariante, Bernardo e Ana Clara, que residem na cidade. Vindos da Austrália, a filha Melissa e o genro Eduardo, assim como Kareen e o genro Nick, com os filhos Maya e Thomas, netos do aniversariante. Celebration!

 

Joane Gillon Dionisio reuniram em petit comité, à beira da piscina para comemorar os primeiros 35 dele. Foi uma noite de celebração da vida e da amizade, com uma pitada de empreendedorismo. Entre os presentes, o casal Rubens e Virgínia Lima, com os filhos João Henrique e a namorada Anna Beatriz Vieira, João Pedro e a namorada Isabela Vieira e o caçula da família, João Daniel. Os Lima, em sociedade com Gil e Joane, estão desenvolvendo um projeto de primeiro mundo, para uma academia de ginástica no Jeremias. Por lá também, Simone e Juliana, também sócias de Joane e do aniversariante, na Clínica Semeando.

Registramos também a presenças de: tio Batista, acompanhado da esposa Camilla e das filhas Bia e Isabele. Gilvan Jr., irmão do aniversariante, esteve lá com a esposa Rose e a filha, assim como a querida tia Aldeia e a eficiente Paulinha. Rebeca e Emerson trouxeram o filho Bernardo, enquanto Railda e Daniel Oliveira compareceram com os filhos Daniel Filho, Davi e Luna. As empresárias Sara Brito e Maria Teles e o nutricionista Gabriel Gdoc, também estiveram presentes. As matriarcas da família, sempre atentas e cuidadosas, Sandra Soares e Adelice Dionísio, faziam as honras da casa. Celebration!

                                                                                                           

                                                                                                         Celso Mathias

Roterdã: eu estive aqui

 

O país das maravilhas fica em Roterdã. Entre obras de Picasso a cada esquina, casas feitas de cubos enviesados e arquiteturas que desafiam a tradição, à mistura de gente que chegou dos quatro cantos do planeta. Quase o mundo inteiro numa única cidade. Há cidades assim! Uma pequena metrópole que perdeu a conta da idade, onde tão facilmente se descobrem velhas e sombrias casas que, três séculos antes, abrigaram os peregrinos antes de navegarem rumo ao Novo Mundo.

 

Entramos em um trem com hora e destinos marcados e, assim que trocamos a nervosa estação ferroviária pelas ruas desconhecidas, ganhamos a sensação de entrar numa máquina do tempo. Roterdã é assim. Uma pequena metrópole que perdeu a conta da idade, onde tão facilmente se descobrem velhas e sombrias casas que, três séculos antes, abrigaram os peregrinos antes de navegarem rumo ao Novo Mundo, como se esbarra em edifícios de arquitetura futurista capazes de desafiar a gravidade. Da mesma forma que se entra numa rua onde flutuam aromas de especiarias indianas e se sai com os ouvidos e o olhar inundados por ritmos nascidos na África. Um coquetel de surpresas e contrastes servido com requintes europeus. É exatamente este cenário sem fronteiras que Roterdã faz questão de apresentar como cartão-de-visita. E a imagem não podia fazer mais sentido. Afinal, aquela que apelidam de “a outra cidade da Holanda”, numa óbvia alternativa ao buliço de Amsterdã, refugia cerca de 125 nacionalidades em pouco mais de 600 mil habitantes. Uma realidade que ajuda a fazer dos tradicionais moinhos, tulipas, queijo e socas de madeira boas sugestões para brindes e postais ilustrados. Signo da água – Dona do maior porto do mundo, não é de estranhar que Roterdã viva sob o signo da água. Aliás, a própria origem do nome vem daí: “Rotte” (nome do rio que a atravessa) e “dam”(que significa dique, a proeza de engenharia com a qual os holandeses roubaram terra ao mar).

Mas não é pelos imponentes navios e cargueiros que todos os dias atravessam o famoso canal de Nieuwe que ela é mais conhecida. Grande parte da sedução desta cidade holandesa mora na arquitetura moderna e abstrata, de traços alheios aos padrões mais convencionais, que a tornam um verdadeiro ateliê vivo e em grande estilo. O coração da cidade, arrasado em maio de 1940 pelos bombardeios das tropas de Hitler, acabou por se transformar no terreno de ensaio de arquitetos, engenheiros e artistas cotados entre os melhores do mundo, caso de Jahn, Foster, Quist, Klunder, Maaskant e muitos outros. Totalmente reconstruído, o centro de Roterdã apresenta hoje marcas bem vivas de espírito criativo, sobretudo nos últimos 20 anos. A começar pelas fantásticas Casas Cúbicas (Cubes Houses), desenhadas por Piet Blom, que mais parecem um delírio arquitetônico digno de uma Alice no País das Maravilhas. Surpreendentemente, ainda nenhum dos seus inquilinos revelou sinais de loucura, pelo que uma olhadinha na única casa disponível para visitas é recomendável, sem perigo de contra-indicações. Logo atrás, a torre que batizaram de O Lápis (The Pencil) é só mais uma prova de que a ironia também se materializa no concreto. Não muito longe, a discreta entrada para a estação subterrânea de trens de Blaak ganha dimensão com uma escultura de aço e vidro que se ergue no ar como uma concha.

Surpresas-E dar de cara com esculturas moldadas pelo gênio de Picasso, de Kooning, Gabo, Zadkine ou Rodin é um imprevisto que pode ocorrer ao dobrar a esquina. Maravilhas da arte e da arquitetura moderna que se repetem ao longo da pacata cidade, em obras tão insuspeitas como as sedes da Nationale Nederlanden, o edifício mais alto de Roterdã, e da Unilever ou o quartel-general da KPN Telecom, que fica próximo de um dos últimos orgulhos dos seus habitantes: a ponte de Eramus. Uma obra em homenagem a um dos fundadores do Humanismo e, provavelmente, o cidadão mais famoso da cidade. O mesmo que agora empresta seu nome a uma das estruturas mais marcantes da paisagem de Roterdã, juntamente com o Euromast, uma torre de 100 metros construída como símbolo de uma cidade dinâmica. Em constante mutação. Parte pré-histórica – O mesmo já não poderá se dizer de Delfshaven, a bucólica zona velha da cidade, em tempos o porto de Delft. Sobrevivente ao tempo e aos ataques da Segunda Guerra Mundial, a parte histórica de Roterdã mantém-se fiel à época dos peregrinos que, no século XVII, abalaram a descoberta da América. Hoje as casas aconchegam discretos antiquários, alfarrabistas e restaurantes, com vista para um velho canal que ainda mantém suspensa uma ponte de madeira. Mesmo curto, o passeio vale a pena. Nem que seja para conhecer o moinho que ainda hoje mói os cereais usados na cerveja artesanal, com o qual fabricam também velas, manteiga, mostarda e xarope. Além da antiga destilaria de gim holandês, sobram ainda vestígios da memória de Piet Heyn, um verdadeiro herói desde o dia em que se lançou ao mar desconhecido e acabou capturado pela Armada Espanhola, em 1628.

 

Dois dedos de prosa-Histórias que se podem revisitar no museu local de Dubbelde Palmboom. Museus, aliás, é o que não falta em Roterdã, desde os típicos herdeiros da história até aos que exibem feitos mais recentes. A maioria concentra-se em pequenos edifícios e quarteirões ao redor de Museum Park, como o de Boijmans Van Beuningen, onde obras assinadas de Bosch, Bruegel, Rubens, Rembrant, Degas ou Monet convivem com as de Dalí e Van Gogh. Ou o Chabotmuseum, que aloja quadros e esculturas do pintor holandês Hendrik Chabot. Ou mesmo o famoso Kunsthal Rotterdam que, sem uma exposição permanente, marca a vida cultural da cidade com constantes iniciativas.

Tudo isso sem esquecer o imperdível Prins Hendrik Maritime Museum, para quem os segredos do mar e dos portos ainda têm muito a desvendar. E esta é só uma amostra do que há para ser visto por lá. É que, mesmo numa cidade em que o sol tem vergonha de aparecer todos os dias, as esplanadas e os passeios marcam pontos entre uma população descontraída. Sobretudo entre os numerosos estudantes que a tornam mais colorida e vibrante que o normal. E enchem os cafés e danceterias todas as noites. Afinal, não é à toa que Roterdã tem o maior número de pubs por metro quadrado da Holanda. Os seus habitantes preferem gastar a hora do almoço entre um sanduíche e um café, mas não abrem de dois dedos de prosa, ao final da tarde, com uma generosa cerveja e a companhia dos amigos.

 

Nos arredores-E se a pacatez da cidade alguma vez for maçante, nada como seguir a recomendação de alguns holandeses mais cosmopolitas para quem “o melhor de Roterdã é ficar só a uma hora de Amsterdã…” Quem andar fugido das multidões apressadas da capital e das “coffe shops” apinhadas, decerto apreciará o ambiente mais recatado da segunda maior cidade holandesa. Mesmo as lojas onde se podem comprar drogas leves afastaram-se do centro, sendo mais fácil encontrá-las nos bairros periféricos, onde o ambiente é bem mais sombrio e as diferentes nacionalidades dos residentes marcam as cores e os cheiros das ruas. Mas, seja onde for, o cenário repete-se em pequenos detalhes, como as pachorrentas bicicletas que se multiplicam pelas estradas, a paisagem eternamente plana, as pessoas apinhadas nos bancos de jardim como lagartos apaziguados pelo calor sempre que o sol lhes sorri por instantes. Discretos prazeres de uma cidade que vive no ritmo do seu rio. Serena, mas sempre em movimento Guia Hotéis Uma visita ao centenário Hotel New York, na zona ribeirinha de Wilhelminapier, é obrigatória, nem que seja só para se embebedar de memórias e do ambiente romântico de final de século. Se preferir um lugar mais central, a escolha é variada, mas os preços rondam o topo.

 

A começar pelo Hilton, na rua Weena, perto da estação de trens. Logo em frente, o Grand Hotel Central é um quatro estrelas mais pitoresco que oferece acomodações quase pela metade do preço, muito embora as reduções também cheguem ao serviço. Mas o ambiente mais jovem e descontraído pode compensar. Para um alojamento mais histórico, nada como procurar o Ocen Paradise, um hotel flutuante de inspiração chinesa, em Parkhaven, junto ao gigante Euromast. Restaurantes Se está habituado a jantar tarde, prepare-se para mudar o ritmo. Os holandeses não são grandes apreciadores de ceias, e encontrar um restaurante com cozinha funcionando depois da dez da noite é quase um milagre. Justiça seja feita a Porto Bello, no número 28 da rua Kruiskade, que além de se estender até às duas e meia da manhã com pratos de inspiração francesa e italiana, recria o ambiente de uma tradicional taverna holandesa. Restaurantes estrangeiros, sobretudo indonésios, gregos, chineses e argentinos, são muitos. O difícil é escolher, mas no centro da cidade o que não falta são opções. Para estômagos mais requintados, nada como tentar o Magido Café Restaurant, no número 185 da Spui, em Hague – que além de colecionar prêmios, reúne especialidades do mundo inteiro – ou o T’Kokkeltje, em Scheveningen, especialista em pratos de peixe. Aliás, é junto à zona portuária de Oude Haven que se encontram as especialidades do mar em ambientes mais refinados e bucólicos. Vá a Roterdã!

                                                                                                         Celso Mathias

Um pouco de Champanhe

Armazenadas nestas catacumbas de luxo, repousam milhares de garrafas do precioso líquido dourado, tesouro de cultura francesa. Inicialmente, estas galerias subterrâneas da época galo- romana forma escavadas para que delas se extraíssem materiais de construção para a atual cidade de Reims. E em Reims apercebemo-nos da real importância do champanhe. Por todo lado vêm-se postais ilustrados das caves, catálogos, panfletos e uma quantidade indescritível de “souvernis”.

Tudo porque se encontram aqui sediadas algumas das mais importantes casas produtoras: Veuve Cliquot, Ruinart, Laurent-Perrier e Taittinger. Todas elas visitáveis, incluindo as caves, claro.

É a casa Moet & Chandon que domina o mercado internacional, mas outras marcas avançam, seguras do seu passado ou da sua superior qualidade. A Veuve Cliquot, por exemplo, orgulha-se de ter descoberto a solução para eliminar os depósitos residuais nas garrafas.

A Mercier, em primeiro lugar na lista de vendas na França – é parte integrante do grupo Louis Vuiton-Moet Hennessy – dispõe de um comboio turístico que circula pelos túneis das suas caves. A Ruinart, fundada em 1729, é a casa mais antiga, e a Taittinger orgulha-se de ainda ser uma empresa familiar.

 

Quem percorre a terra pode deixar-se encantar pelos campos verdes e amarelos, de milho, trigo e girassol. Mas, no mundo subterrâneo, o que impressiona são os números. Quilômetros são 160 e, destes, 108 pertencem apenas a cinco grandes empresas: Moet & Chandon, Veuve Clicquot, Mumm, Mercier e Pommery. A temperatura nestas “caixas-fortes” subterrâneas oscila entre os 10 e 12 graus centígrados.

Voltando À superfície, a famosa “Route Touristique du Champagne” é uma estrada que percorre 141 povoações. Reúne à volta das vinhas 265 empresas produtoras de champanhe, 38 cooperativas e quase 4.700 vinhateiros, dos quais 2.124 elaboram os seus próprios champanhes. Produzi-lo é uma honra, um privilégio e um orgulho. Nunca uma vaidade.

La cave à Champagne

 

 

A região de Champagne soube desenvolver uma cozinha original, onde, além de bebido, o champanhe é também utilizado na confecção dos pratos. Utilizado em molhos, que acompanham de forma excelente solhas e linguados, serve de base à produção de vinagres e mostardas, que contribuem para realçar o sabor da comida. O “La Cave à Champagne”, situado na simpática vila de Epernay, é exatamente o lugar onde se pode apreciar esta gama de sabores. 16, Rue Gambertta, Epernay.

 

 

 

Au Bateau Lavoir

Este restaurante de quatro estrelas ocupa um lugar privilegiado à beira rio Marne. Rodeado de vegetação frondosa, pode dedicar-se à descoberta da comida regional. Exemplos disso são as morcelas brancas, o presunto das Ardenas, as batatas salteadas em cebola, ou guisado de javali. Não esquecer os inúmeros queijos, não necessariamente acompanhados do famoso champanhe, mas sim de vinhos menos conhecidos, como um “Cumiéres” ou um “Vertus”. 3, Rue du Port au Bois, Damery.

 

La Taverne de Maitre Kanter

Neste excelente restaurante, situado no coração da cidade de Reims, pode-se provar uma comida saborosa e diversificada. Considerado um dos melhores restaurantes da região, faz parte de uma cadeia com o mesmo nome, onde o serviço é eficiente e agradável. Uma possibilidade parta as estações amenas é almoçar ou jantar na esplanada. 25, Place Drout d’ Erlon, Reims.

La Taverne de I’Ours

 

 

 

Um dos mais característicos restaurantes da região, situado dentro de uma das casas de madeira que caracterizam a cidade de troyes. Especialmente indicados para gulosos, pelos biscoitos rosas de Reims acompanhados de champanhe, ou pelas charllotes de framboesas que servem de pretexto para provar a aguardente de ameixa 2, Rue Champeaux, Troyes.

 

 

 

Vinhos e champanhes

É indispensável visitar Champagne e não comprar uma boa meia dúzia de garrafas de champanhe ou de outros excelentes vinhos. Alem dos consagrados Veuve Clicquot, Dom Perignon, Moet & Chandon ou Taittinger, você pode sempre escolher vinhos como o Rose dês Riceys, ou os brancos exclusivamente da Casta Chadornnay, ou, não menos deliciosos, os tintos da casta Pinot Noir. Variam muito os lugares onde você pode fazer estas compras, no entanto deixamos alguns contatos de produtores.

Glossário do champanhe

“Assemblage”: o segredo da arte champanhesa. Um casamento delicado de vinhos primários, oriundos de diferentes variedades de uvas e vários “vintages”. Chama-se “cuvée” esta composição que é anualmente renovada. O caráter próprio de cada vinho é definido pelas proporções dos vinhos primários e do tempo de envelhecimento nas caves.

“Ataque”: primeira impressão que o vinho provoca na boca.

“Blanc de Blanc”: champanhe vinificado a partir de uvas Chadornnay.

“Blanc de Noirs”: champanhe vinificado a partir de uvas pretas, de tipo “Pinot Noir” ou “Pinot Meunier”.

“Cordon”: fio de espuma que contorna o interior do copo à superfície de líquido.

”Dosage”: porção de licor que se acrescenta ao champanhe. A quantidade de licor determina o tipo de champanhe: “Brut”, “ Extra-brut”, “Sec” e “Demi-sec”.

“Millesimé”: vinho elaborado a partir de uvas da colheita de um ano especifico. O “Millesimé” é um ano que a qualidades das uvas é superior. 

Por Celso Mathias

 

Caderno de viagem

 

Estamos numa tarde de domingo. Vamos atravessar a Broadway e seguir em direção à 57, a mais rica e charmosa das ruas da ilha. Nosso destino, o Russian Tea Room. Um tempo em que a marca dessa cidade ainda era o World Trade Center, que a Rua 42 ainda não tinha sofrido os efeitos da “Tolerância Zero” de Rudolf Giuliani, que o Russian Tea Room ainda não tinha sido reformado, que o “pretheatre” dos atores da Broadway era feito no Rosa’s Place onde, ela mesma, a Rosa recebia a todos com seu sorriso mineiro. Continue lendo “Caderno de viagem”

Tropicana: um cabaré na decadência cubana (publicação original 2008)

Lembrando o mítico cabaré cubano que viveu 20 anos de capitalismo e 55 de comunismo sem perder o rebolado. Para o jet-set decadente da Havana dos 1950, o lugar obrigatório para os que queriam ver e ser vistos era o cabaré Tropicana, templo de prazeres onde os shows e as showgirls eram deslumbrantes, as apostas astronômicas e a lista de foliões incluía Marlon Brando, Ernest Hemingway, Rita Hayworth e John F. Kennedy, para citar alguns.

O turbilhão de liberdade sexual e corrupção oficial foi controlado por uma poderosa Máfia até o dia em que Fidel Castro desceu de Sierra Maestra e acabou com a festa.

Pelo palco do Tropicana passavam os artistas mais famosos da época, entre eles a brasileira Carmen Miranda. Entrevistada pelos jornais cubanos da época ela falava de sua origem portuguesa e que fora levada ainda menina para o Brasil, onde se revelou-se no show business em 1934 com o sucesso estrondoso de um filme carnavalesco, ‘Alô, alô, Brasil’.

O Tropicana viveu seus melhores momentos com Carmen cantando e dançando, às vezes descalça e com a barriga de fora, sob luzes feéricas e o ritmo alucinado do carnaval carioca. Em Cuba, onde foi aguardada com ansiedade por muito tempo, ela falava espanhol com absoluta fluência e debochava do tamanho da própria boca ressaltado por quantidades industriais de maquiagem. Carmen encantou corações e mentes cubanos, que receberam com desolação a notícia de sua morte prematura em 1955, vítima de um ataque cardíaco.

Não muito depois a revolução cubana triunfaria, o ditador Fulgêncio Batista seria despachado para o exílio e o Tropicana passaria a ser administrado por um interventor conhecido simplesmente como Rodobaldo. O agente do regime tomou posse vestindo um uniforme verde-oliva que se chocava com o espírito de uma casa onde também haviam atuado Nat King Cole, Josephine, Sarah Vaughan.

Apoiados no bar, alguns frequentadores habituais do Tropicana falavam em sussurros, a uma distância prudente de Rodobaldo sentado num banquinho olhando para todos com cara de poucos amigos. Uma noite, a uma certa altura uma porta se abriu e entrou saltitando o pianista Felo Berganza.

Conhecido por seus trejeitos e suas piadas, Berganza era um mulato simpático, com lábios grossos, que aparecia na metade do show, sob aplausos, tocando um piano com cauda branca. “Tatachán”, continuou com sua coreografia, brincando de mesa em mesa até cair ao lado de Rodobaldo. “Companheiro!”, exclamou o comissário insultado. Felito Berganza ergueu as sobrancelhas e exagerou ainda mais o gesto, entre gargalhadas gerais.

“Não me diga que você também é uma bicha”, perguntou ao sisudo revolucionário.

Com esta anedota, contada pelo músico Paquito De Rivera, chegaram ao fim os 20 anos de capitalismo do Tropicana e começou a larga travessia socialista de um dos cabarés mais famosos do mundo, de prestígio comparável ao Moulin Rouge e do Lido de Paris.

O primeiro nome do Tropicana foi Beau Site e seu promotor foi o empresário ítalo-brasileiro Víctor Correa, que inaugurou o cabaré na noite de 31 de dezembro de 1939 nos terrenos arrendados de Villa Mina, uma imponente propriedade suburbana na zona de Mariano com palmeiras fabulosas e grandes árvores tropicais. Correa era casado com Teresa de España, artista de cuplé que protagonizou o primeiro espetáculo com o acompanhamento da orquestra de Alfredo Brito, autor das estrofes que um ano depois dariam nome ao cabaré – “Tropicana/ diosa de amor/ eres tú, mi bien/ la que inspiró mi canción” – e com as quais, desde então, todos os espetáculos começariam.

Desde o começo, Tropicana foi um sucesso. A incrível vegetação tropical inserida no contexto arquitetônico do salão, aberto às estrelas, somava a beleza das suas bailarinas (“o melhor das mulatas cubanas”, segundo a imprensa da época) à qualidade da orquestra e dos shows. Em abril de 1941, Congo Pantera estreou e, a partir deste momento, sua consagração foi absoluta. O show evocava a caça de uma pantera nas selvas africanas e a coreografia era de David Lichine, dos famosos balés russos de Montecarlo.

Durante o espetáculo, os bailarinos surgiam de dentro de uma folhagem iluminada, e a pantera – a bailarina russa Tatiana Leskova – descia ao cenário de uma árvore, perseguida pelo caçador-percussionista Chano Pozo, que depois daria forma ao jazz afro-cubano com Dizzy Gillespie. Os jesuítas do Colégio de Belém, do qual Fidel Castro era ex-aluno, pressionaram sem sucesso para o cabaré ser fechado. O Tropicana já tinha se convertido numa selva com Chano e Mongo Santamaría fazendo soar seus tambores pelas árvores.

O Tropicana viveu todas as fases da revolução, a invasão da Bahia dos Porcos, a Crise dos Mísseis, o êxodo de Mariel e a queda do Muro de Berlim. Sobreviveu à crise e à ideologia, e hoje os espetáculos que oferece, com suas 50 bailarinas, 40 modelos, 11 cantores e 25 músicos, continuam sendo referências mundiais. Por volta de 150.000 turistas visitam o Tropicana todos os anos, mas agora seus gerentes esperam que os norte-americanos retornem, se as tensões com os Estados Unidos forem reduzidas, e as relações, restabelecidas. O espírito de Carmen Miranda retorna, enquanto o do “coletivo Tropicana” desapareceu.

                                                                                       Autor: Celso Mathias/Agpress

É festa!


Curtindo a Cidade Luz em merecidas férias, Úrsula e Orlando Jones. Sandra Soares e Aldelice Dionísio, mães de Joane e Gillon Dionísio, durante confraternização natalina inesquecível. Em nosso encontro anual pré-natalino, que já ultrapassa os 10 anos, tivemos duas horas de conversa agradável com Ivo Barbosa, CEO da rede de lojas Bel Cosméticos. Meu amigo há mais de meio século, Sir William Riley entra nos primeiros 80 anos, literalmente a caráter. A proposta seria para fugir dos quatro anos do governo Trump! Você tem interesse? Visitando a terra de Cabral acompanhado de sua bela família, o amigo Wellington Lobo. A influenciadora brasileira Karol Rosalin foi eleita por uma ferramenta de inteligência artificial como a dona do corpo feminino mais perfeito do mundo. Reunidos em um parque no bairro de Madureira, os barbeiros fizeram das cabeças dos voluntários sua tela.

Família – Sandra Soares e Aldelice Dionísio, mães de Joane e Gillon Dionísio, durante confraternização natalina inesquecível. Na acolhedora vivenda de Joane e Gil, membros das duas famílias se reuniram para celebrar esta data especial. À mesa, além de iguarias típicas da festividade, havia muita harmonia e manifestações de amizade. Este momento destacou o verdadeiro significado da palavra “família”, repleta de amor, união e alegria.

                                    Os sempre queridos, Eliana e Miguel Abreu, abrem a coluna, comemorando o Natal na morada do Itaigara!

 

Gente de qualidade – Curtindo a Cidade Luz em merecidas férias, Úrsula e Orlando Jones. Eles comandam a SAMEC, uma das clínicas mais completas e respeitadas da região, oferecendo atendimento em diversas especialidades. Com um ambiente confortável e profissionais bem treinados, a SAMEC se destaca pela qualidade e pelo cuidado que proporciona aos seus pacientes.

 

Coisas do Rio – Ao som da música brasileira e sob o calor escaldante do Rio de Janeiro, cerca de 90 barbeiros lutaram no último domingo para decidir quem seria o melhor em uma competição anual que impulsiona a carreira dos vencedores e atrai a atenção internacional. Reunidos em um parque no bairro de Madureira, os barbeiros fizeram das cabeças dos voluntários sua tela, colorir e criar estilos que mostram desenhos abstratos ou detalhados. Coisas do Rio!

 

 

 

 

Oitentão – Meu amigo há mais de meio século, Sir William Riley entra nos primeiros 80 anos, literalmente a caráter. No dia 17 de janeiro, recebe amigos e familiares de várias partes do mundo, em especial, filhas e genros radicados na Austrália, para esse festão que será realizado no Marian Barra Club. Sempre ativa, a mulher Anatalia cuida de todos os detalhes para esse evento imperdível. Cheers, amigos!

 

Para quem não quer Trump – A empresa de cruzeiros da Florida Villa Vie Residences decidiu aproveitar as eleições e adaptar a sua oferta de longos cruzeiros, sugerindo aos hóspedes do seu navio uma viagem que pode ir até quatro anos, visitando 425 portos em 147 países – incluindo Rio de Janeiro. A proposta seria para fugir dos quatro anos do governo Trump! Você tem interesse?

Lobo do bem – Visitando a terra de Cabral acompanhado de sua bela família, o amigo Wellington Lobo. Competente executivo do setor público, ele teve passagem por Euclides da Cunha, onde foi titular da Secretaria de Saúde, de onde pediu exoneração em caráter irrevogável.

                                                      Almoço com Carlos Amorim e Maurício Almeida: gente que sabe tudo de produção musical!

 

 

 

IA na beleza – A influenciadora brasileira Karol Rosalin foi eleita por uma ferramenta de inteligência artificial como a dona do corpo feminino mais perfeito do mundo. O fato ganhou repercussão internacional e foi registrado pelo New York Post. A ferramenta avaliou quesitos como a saúde, a força, simetria, proporção e harmonia geral do corpo antes de dar nota 10 para ela. Karol tem 25 anos, é paulistana e conta com mais de 900 mil seguidores na internet.

 

 

Abraçando o Sul – Em nosso encontro anual pré-natalino, que já ultrapassa os 10 anos, tivemos duas horas de conversa agradável com Ivo Barbosa, CEO da rede de lojas Bel Cosméticos. Ele está encerrando 2025 com 64 lojas espalhadas pelo país, mas isso é apenas uma das etapas do seu crescimento. O novo projeto é abraçar o Sul do Brasil, com a meta de, em curto prazo, atingir 100 unidades da rede, que já é a maior do país!

                                                                                                Por Celso Mathias

Euclides da Cunha: Terra de Ilustres

Recentemente, soube que a Prefeitura de Euclides da Cunha lançou um livro sobre a história do município. Embora ainda não tenha tido a oportunidade de vê-lo, ouvi dizer que há uma lacuna significativa no reconhecimento de inúmeras personalidades que desempenharam papéis fundamentais na formação da nossa comunidade. Por isso, em um dia de reflexões como o Dia de Finados, decidi reeditá-la, trazendo à tona figuras ilustres que moldaram nossa história e cultura. Finados, 2 de novembro de 2019, “Euclides da Cunha terra de ilustres”.

Euclides da Cunha terra de ilustres

Sábado, 2 de novembro de 2019

Finados, um dia para reflexões, viajei no tempo trazendo à memória, pessoas e fatos que me acompanharão eternamente. Mãe, pai, o querido irmão Humberto, que partiu aos 23 anos e meu tio, quase um pai, José Mathias de Almeida Neto, meu referencial, meu amigo meu ídolo, ao ponto de ter, aos 14 anos, fugido de casa e de carona em caminhões, desembarcando em Vitória para encontrar o “Zequinha”- era assim que eu o chamava- àquela altura, já promotor de Justiça em uma comarca do interior do Espírito Santo.

A aventura durou pouco. Uma semana depois, meu pai apareceu e me trouxe de volta a Euclides da Cunha. Dez anos depois, desembarquei novamente em Vitória, onde vivi os 25 anos mais importantes da minha vida e acompanhei a trajetória brilhante do tio Zequinha, que morreu aos 64 anos como desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, despachando no mesmo edifício que hoje ostenta o nome dele: Fórum Criminal Desembargador José e Mathias de Almeida Neto.

E o Zequinha, até a morte de minha mãe, em 1971, vinha frequentemente a Euclides da Cunha, trazendo uma mala de presentes para amigos e familiares, além de dezenas de caixas de Chocolates Garoto, uma marca do Espírito Santo. E cultivava muitas amizades fora círculo familiar. Apotâmio Batista, Zeca Dantas, Zé Aras e Nelson Bastos entre tantos outros.

Nelson Dantas Bastos

 

 

 

Com Nelson Bastos, trocava presentes, em todas as visitas. Nelson lhe dava sempre uma garrafa de boa cachaça e Zequinha, um presente da capital do Espírito Santo.

 

 

Para quem não conhece, Euclides da Cunha é uma cidade de 60 mil habitantes, segundo estimativa de 2019, localizada no semiárido baiano, a 311km de Salvador e é berço de ilustres personalidades que ocuparam e ocupam importantes espaços na vida nacional e, infelizmente, hoje estão esquecidos ou sequer, chegaram a ser conhecido pelos habitantes locais.


Elieze Bispo

Atualmente desembargador aposentado, Aloísio Batista chegou a presidente do TJ da Bahia e interinamente, por vacância dos titulares, a governador do Estado. No passado, Ramonaval Augusto Costa, nascido no então Cumbe do Major, veio a ser um dos mais brilhantes economistas do País e catedrático da USP.   Durval Ferreira de Abreu que, por muitos anos, serviu no alto comissariado da OEA em Washington. Na mesma linhagem, o hoje fazendeiro na Chapada Diamantina, Elieze Bispo dos Santos, também é homem de brilhante carreira jurídica, tendo atuado, inclusive como desembargador do TRE baiano.

Augusto e Roque Aras

Ainda na ativa, podemos falar no advogado e ex-deputado Roque Aras, que embora não tenha nascido na cidade, tem fortes relações com a região, por conta do seu pai, José Aras, que viveu por muitos anos na cidade, foi o inspirador do nome Euclides da Cunha e autor da letra do hino oficial do município. José Aras, é avô do PGR Antônio Augusto Brandão de Aras.

Sebastião Alves Ferreira dos Santos dos Santos

Sebastião Alves

foi o mais brilhante cidadão euclidense de sua geração! – Ele nasceu na Rua da Igreja ao lado da casa de Antônio André. Filho do comerciante Nezinho de Hermógenes e da costureira Edite Alves, Sebastião teve uma carreira meteórica. Concluiu o curso ginasial no Educandário Oliveira

 

Brito, o curso de Administração de Empresas na Fundação Getúlio Vargas, onde depois assumiu uma cadeira como professor titular, e fez o doutorado em finanças na Universidade do Texas. Morreu precocemente aos 44 anos de idade, ainda como diretor financeiro da Eletropaulo.

 

 

Celso Mathias de Almeida

No centro da foto recente, Celso Mathias de Almeida, geriatra que aos 92 anos, ainda atende no seu consultório em Natal- RGN, onde foi professor da Universidade Federal e paraninfo de várias turmas de formandos em Medicina. Já o médico José Silva Dantas Filho, o Dantinhas, ao Lado do Irmão, Luiz Carlos Nascimento Dantas, formou-se em Medicina pela Universidade Federal da Bahia e ambos se radicaram em São Paulo. Dantinhas em Itapetininga e Luiz na capital paulista.

Dantinhas faleceu em Euclides da Cunha durante uma viagem que costumeiramente fazia à sua terra natal e hoje dá nome a um importante hospital de Itapetininga, merecido reconhecimento pelo brilhante profissional de saúde e cidadão que foi. Luiz, em plena atividade, é reconhecido anestesiologista disputado pelos mais importantes cirurgiões dos melhores hospitais de São Paulo, entre eles, o Sírio Libanês. E mais que isso, é reconhecido como cidadão extremamente prestativo especialmente com euclidenses que bateram â sua porta em busca de orientação médica.

E vocês lembram do Nelson Bastos, o amigo do Des. José Mathias de Almeida Neto citado no início dessa narrativa? Nelson é avô do jovem juiz de direito Fábio Alexsandro da Costa Bastos, atual assessor especial da 2ª vice-presidência do Tribunal de Justiça da Bahia. Fábio também é neto, pelo lado materno, do saudoso líder político e comerciante, Custódio Sabino da Costa, contemporâneo e amigo irmão de José Aras.

Fábio já está incluso nessa lista de euclidenses ilustres, por conta de um currículo exemplar: colou grau em Direito pela UFBA em fevereiro de 1997 aos 24 anos de idade. No mesmo mês recebeu a carteira da OAB e, enquanto exercia a advocacia, debruçou-se sobre os livros. Na Escola de Magistrados da Bahia (EMAB) fez inicialmente o Curso de Preparação para a Carreira Jurídica seguido de vários outros que lhe permitiram ser aprovado com louvor no concurso que o fez Juiz de Direito em 16/04/1999, menos de dois após a colação de grau e aos 27 anos de idade. Juiz da 19ª Vara Cível de Salvador. Foi também, por dois biênios, desembargador do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia e o corregedor Regional Eleitoral da corte. É casado com a juíza Bárbara Correia de Araújo Bastos e, pelo respeito e trânsito que goza nos meios jurídicos da Bahia, é uma figura da qual os euclidenses e até os baianos podem esperar muito!

 

Fábio e Bárbara Bastos com Augusto Aras e Senhora

 

                                                                                                                   Por Celso Mathias